A hora de Barreiros, o incansável, descansar

A última ronda da fase regular do Campeonato Placard marca a despedida das pistas do internacional português Ricardo Barreiros, sinónimo de trabalho e uma das principais figuras do Hóquei em Patins nacional e internacional deste século.

A hora de Barreiros, o incansável, descansar

O jogo entre Paço de Arcos e Óquei de Barcelos é uma das partidas sem interesse em termos classificativos da última jornada da fase regular. Os barcelenses terminarão em 3º e aguardam para saber se defrontam Oliveirense ou Valongo nos quartos-de-final, enquanto a histórica equipa da Linha já não escapa a um dos três de despromoção à II Divisão. Mas a partida tem um significado especial. Um dos símbolos - de sempre - do Paço de Arcos e da sua formação, pendura os patins.

Ricardo Barreiros não começou no Paço de Arcos. Começou num inusitado Mira-Sintra e, mostrando desde cedo talento, rumou ao Sporting. No "vai e vem" da modalidade nos leões, foi apanhado num dos "vai" e encontrou novo lar em Paço de Arcos.

Ali cresceu, consolidou-se numa geração brilhante moldada por Paulo Batista e Luís Duarte. Sagrou-se campeão nacional de juvenis e juniores e campeão europeu nos mesmos escalões, em 1998 e 2000. E venceu a Taça Latina em 2002. Numa equipa do Paço de Arcos muito jovem, mostrou valor já no escalão maior e, em 2004, rumou ao Benfica.

Apanhados no "furacão" do deca portista, os cinco que trocaram o "Casablanca" pela Luz iam ficando aquém dos títulos. Em 2009, Ricardo embarcou na aventura espanhola que também tentara Valter Neves. Das mãos de mestre Carlos Dantas, foi para os braços de Carlos Gil e, no Liceo, venceu uma Taça CERS e duas Ligas Europeias em três temporadas de verde.

Regressou a Portugal, para o Porto, sagrando-se campeão nacional, vencedor da Taça e da Supertaça pelos dragões. Em 2015, reforçou o ambicioso projecto da Oliveirense. Levou a equipa a duas finais consecutivas da mais importante prova europeia de clubes e conquistou a Taça de Portugal em 2019. Capitaneava a equipa de Oliveira de Azeméis quando, em 2020, começava a fechar o ciclo. De volta a Paço de Arcos, foi traído pela "liguilha" e caiu na II Divisão. Mas a entrega não mudou, e trouxe o seu emblema de volta ao convívio dos grandes.

De quinas ao peito, esteve nos Mundiais de 2005, 2009, 2011, 2013 e 2017. Venceu a Taça das Nações em 2009, 2011 e 2013. Esteve em todos os Campeonatos da Europa de 2004 até, enfim, conquistar o título em 2016. Para a coroação, em Oliveira de Azeméis, "reza a lenda" que corria do Hotel para o Pavilhão e esperava a chegada do autocarro que levava os restantes. Antes e após os treinos, aprimorava a sua condição física, não sendo estranha a sua participação em exigentes triatlos.

Enquanto jogador, Barreiros foi, para além de talento, trabalho. Muito trabalho. Aos 41 anos, é hora de descansar. Mas o prazer pelo jogo mantém-se.

Apaixonado por um jogo de outros tempos, mais jogado que pensado, mais prático que teórico, mais puro que processado, Barreiros continuará no comando técnico da equipa feminina da Stuart, não deixando de dar uma mão na coordenação-técnica do seu Paço de Arcos. E, sinónimo de Hóquei em Patins, o "adjectivo" Barreiros promete perdurar. Na sucessão, Ricardo é Barreiros, como Gui é Barreiros e Benjamim, para lá do apelido, também será Barreiros.

AMGRoller

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